Primeiro grupo de voluntários do DF, criado pelo pediatra aposentado Oscar Mendes Moren, nasceu na unidade e até hoje tem impacto valioso na rotina hospitalar
A história do médico aposentado Oscar Mendes Moren, de 87 anos, parece roteiro de filme. Carioca, mudou-se para Brasília em 23 de setembro de 1960 com a missão de estruturar a pediatria da maior unidade hospitalar pública do Distrito Federal, o Hospital de Base.
O pediatra aposentado Oscar Mendes Moren, criador do primeiro grupo de voluntários do DF
O pediatra aposentado Oscar Mendes Moren, criador do primeiro grupo de voluntários do DF. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília
Mas Moren foi além. Responsável por incluir a psicoterapia na lista de serviços e criar espaço para pais acompanharem filhos durante o tratamento, ele deu o primeiro passo para que voluntários fizessem parte da rotina dos pacientes.
“Todos nós nos perguntamos o que viemos fazer aqui, qual é a nossa função no planeta. Muitas vezes eu me perguntei isso, e a única resposta que achei é que estou aqui para servir o próximo”, revela o aposentado.
O Serviço Auxiliar Voluntário (SAV), criado por Moren com o anúncio de vagas para quem quisesse atuar no hospital, foi o primeiro grupo instituído no DF e até hoje atende na unidade. “Coloquei propaganda nas rádios e nos jornais, explicando o que eles poderiam fazer, para ver quem se interessava.”
O grupo, com cerca de 200 voluntários, que se revezam de segunda a sexta-feira em atividades com foco nos pacientes, começou com 12 pessoas inscritas. Depois de um mês, apenas seis continuaram na causa.
Moren definiu a inclusão do voluntariado como a realização de um sonho. Com o trabalho árduo de quem escolhia para a equipe, o SAV passou a atender em todo o hospital — não mais só na pediatria — e conseguiu, em 1982, ser registrado como entidade sem fins lucrativos.
“Até hoje o SAV é referência para quem está começando”, conta o gerente de Voluntariado da Secretaria de Saúde, Cristian da Cruz Silva. “O que ele [Moren] criou, hoje nós estamos tocando”, diz.
No ano passado, o governo publicou portaria que regulamenta a atividade de voluntário social na Secretaria de Saúde e determina que as atividades sejam administradas pela gerência.
Segundo Silva, o DF tem atualmente mais de 20 associações cadastradas para prestar serviços nas unidades de saúde; quatro atendem no Hospital de Base. São mais de 3 mil voluntários.
Para Moren, o serviço é útil em situações delicadas. “Se não tem um voluntário para ler uma revista, um jornal, para escrever uma carta, o médico não tem condições para fazer isso, nem a enfermagem”, avalia.
“(o voluntariado) Faz um bem tremendo ao paciente, é uma terapia, às vezes melhor até que remédio. Precisamos parar para pensar no quanto podemos fazer pelo bem do outro.”